A conexão entre psicologia positiva e tarot tem ganhado força como um caminho acessível e eficaz para o autoconhecimento. Unindo simbolismo e ciência, essas duas abordagens nos ajudam a acessar forças internas, ressignificar desafios e viver com mais presença e intenção. Neste artigo, compartilho como essa integração tem transformado minha prática e a jornada de muitos consulentes.
Quando a psicologia positiva e tarot se encontram na busca pelo bem-estar
Minha jornada com o Tarot começou de maneira simples: uma amiga taróloga deu um curso durante a pandemia, e decidi fazê-lo. Comprei um baralho e um livro introdutório. Não buscava previsões, apenas uma nova forma de olhar para mim mesma. Ao tirar as primeiras cartas, percebi que havia algo ali que provocava reflexões imediatas. Era como conversar comigo mesma de forma simbólica.
Com o tempo, mergulhei nos estudos e passei a atender pessoas. Foi nesse processo que conheci a Psicologia Positiva. O que inicialmente parecia uma área distante do Tarot, logo revelou conexões poderosas. A proposta de focar em forças pessoais, virtudes e bem-estar dialogava perfeitamente com as transformações que eu via acontecer nas leituras.

Uma das consultas que mais me marcou foi com uma consulente que tirou a carta da Estrela. Ela se emocionou, dizendo que fazia muito tempo que não sentia esperança. A carta, para ela, foi como um lembrete de que ainda era possível acreditar. Naquele momento, entendi com clareza que o Tarot podia ser mais do que previsão: podia ser ferramenta de escuta, reconexão e fortalecimento interno. E foi a Psicologia Positiva que me deu as palavras e os conceitos para explicar por que aquilo funcionava.
A linguagem simbólica do Tarot como espelho interior
O Tarot tem uma forma peculiar de se comunicar: ele não fala com palavras racionais, mas com símbolos que tocam o inconsciente. Cada carta funciona como um portal visual que acessa imagens arquétipas, sentimentos profundos e memórias muitas vezes esquecidas. Quando um consulente olha para uma carta e sente algo inexplicável, isso é o inconsciente respondendo antes mesmo da mente formular uma frase.
Na Psicologia Positiva, existe o foco em trazer à tona as qualidades e forças que muitas vezes ficam encobertas pelos desafios da rotina. De forma complementar, o Tarot também faz esse movimento: ao lançar luz sobre aspectos internos através do simbolismo, permite que o consulente visualize seus potenciais com mais clareza. É um tipo de espelho simbólico, que revela não apenas quem somos, mas quem podemos ser.
Por isso, quando usamos o Tarot como ferramenta de reflexão, não estamos buscando verdades absolutas ou respostas prontas. Estamos, na verdade, expandindo a consciência sobre nossos padrões de pensamento, nossas emoções e comportamentos. Um exemplo clássico: a carta do Louco. Para uns, ele parece imaturo; para outros, livre. Essa diferença de interpretação reflete nosso estado interno. A carta é a mesma, mas quem a observa está em constante transformação.
Forças pessoais reveladas nas cartas
Antes de entrarmos nas cartas propriamente ditas, é importante entender o que é a Psicologia Positiva. Trata-se de um campo da psicologia que estuda as condições e forças que permitem que indivíduos e comunidades prosperem. Em vez de focar apenas em transtornos ou disfunções, a Psicologia Positiva investiga o que nos torna mais felizes, resilientes e realizados. Ela busca compreender e estimular aspectos como gratidão, esperança, bem-estar, virtudes e propósito.
Martin Seligman, um dos nomes mais importantes da Psicologia Positiva, propôs uma classificação de 24 forças de caráter que se manifestam em todas as culturas e idades. Essas forças são traços como coragem, criatividade, amor à aprendizagem, liderança, compaixão, entre outras. Quando conhecemos essa estrutura, passamos a reconhecer que o crescimento pessoal passa pelo cultivo do que já temos de bom dentro de nós. E é exatamente isso que o Tarot também revela, com outra linguagem.
Os Arcanos Maiores e Menores estão repletos dessas forças. A carta da Força, por exemplo, mostra não apenas o autocontrole, mas uma coragem serena e paciente. O Mago representa a capacidade de usar talentos e recursos de forma criativa e proativa. A Imperatriz não é apenas uma figura maternal, mas também um arquétipo de abundância, cuidado e inteligência emocional. Cada carta traz consigo uma possibilidade de iluminar uma qualidade interna que pode ser desenvolvida ou reconhecida.
Quando olhamos para o Tarot sob esse viés, ele deixa de ser um espelho apenas de problemas e começa a refletir soluções. A leitura se torna um processo de identificação de virtudes adormecidas ou subutilizadas. É como se cada carta trouxesse um convite: “E se você acessasse isso em si agora?” Dessa forma, o Tarot passa a ser um catalisador de crescimento, uma ferramenta ativa de ativação de potenciais e florescimento pessoal.
Gratidão, presença e intuição na leitura do Tarot
Práticas como o mindfulness, a gratidão e o foco no momento presente são pilares da Psicologia Positiva. No Tarot, elas se tornam instrumentos de centramento antes de uma leitura. A presença plena nos permite ouvir não só as cartas, mas a intuição. Uma tiragem feita com gratidão muda a frequência da experiência. Começamos a reconhecer os pequenos milagres, os sinais sutis, o que antes passava despercebido. E a intuição, muitas vezes desacreditada, encontra na Psicologia Positiva o reconhecimento como forma de sabedoria interna.
Resiliência emocional e os desafios das cartas difíceis
Nem sempre uma tiragem traz conforto imediato. Cartas como a Torre, o Diabo, a Morte ou o Dez de Espadas costumam provocar desconforto tanto no consulente quanto no leitor menos experiente. Elas nos colocam diante de perdas, rupturas, dependências e fíns inevitáveis. Mas o desconforto não significa algo negativo: significa algo importante. É ali que mora a chance de transformar.
A Psicologia Positiva trabalha com um conceito chamado “crescimento pós-traumático”. Em vez de negar a dor, ela propõe um caminho de resignificação. Segundo estudos, muitas pessoas relatam que se tornaram mais fortes, conscientes ou esperançosas depois de uma crise. No Tarot, quando uma carta “difícil” surge, podemos utilizá-la como ponto de partida para refletir sobre o que precisa ser deixado para trás e o que está pronto para nascer.
Um exemplo claro é a carta da Morte. Em vez de prever algo trágico, ela geralmente representa o encerramento de um ciclo. Já tive atendimentos em que essa carta apareceu quando o consulente estava prestes a mudar de carreira ou encerrar um relacionamento tóxico. Ao usar a Psicologia Positiva como base, a leitura não reforça o medo, mas sim a coragem de atravessar mudanças com significado. Assim, o Tarot se torna uma ferramenta para desenvolver resiliência emocional e criar esperança realista em tempos desafiadores.
O PERMA e sua aplicação no Tarot terapêutico
O modelo PERMA foi criado por Martin Seligman como uma estrutura para compreender o bem-estar humano de forma ampla. Ele é composto por cinco pilares: Emoções Positivas (Positive Emotion), Engajamento (Engagement), Relacionamentos Positivos (Relationships), Significado (Meaning) e Realização (Accomplishment). Esses elementos não são apenas sentimentos passageiros, mas componentes mensuráveis de uma vida com qualidade e propósito.
O modelo PERMA de Seligman é uma ferramenta concreta para cultivar bem-estar. E pode ser harmoniosamente aplicado ao Tarot:
- Emoção Positiva: cartas que evocam alegria, amor e esperança (como o Sol ou os Seis de Copas);
- Engajamento: cartas que pedem presença plena, como o Eremita ou o Quatro de Espadas;
- Relacionamentos Positivos: os Enamorados, o Dois de Copas, a Roda da Fortuna em contextos afetivos;
- Significado: o Hierofante, o Julgamento, o Mundo;
- Realização: O Carro, o Nove de Ouros, o Imperador.
Em uma tiragem, podemos perguntar: “Como posso cultivar mais PERMA na minha vida?” E as cartas responderão com simbolismo e direção.
Autocompaixão e Tarot: o julgamento sem culpa
Muitas pessoas chegam a uma leitura de Tarot carregando culpas e arrependimentos. Elas esperam, consciente ou inconscientemente, por uma espécie de “veredito” que diga se estão certas ou erradas. No entanto, o Tarot não é um tribunal. Ele é um espelho simbólico, que reflete o momento presente da alma, não para condenar, mas para iluminar possibilidades de transformação. Esse entendimento é fundamental para uma abordagem mais compassiva e terapêutica.
Cartas como o Julgamento ou o Diabo podem ser interpretadas de maneira pesada se o leitor estiver preso a paradigmas moralistas. Mas sob a ótica da Psicologia Positiva, essas cartas ganham nova vida. O Julgamento pode representar um chamado interno para renascer com mais consciência. O Diabo, quando olhado com coragem, aponta para padrões de comportamento que podem ser libertos. Nenhuma dessas cartas precisa ser lida como castigo — elas são convites à clareza.
A autocompaixão é justamente isso: acolher quem somos, inclusive nossas falhas e contradições, com humanidade. Quando esse olhar se reflete na leitura, o consulente sente um alívio imediato. Ele percebe que pode mudar, mas que também é digno de compreensão. O Tarot, nesse contexto, vira uma ferramenta de fortalecimento emocional, e não uma fonte de julgamento. Em vez de se sentir culpado por ter errado, o consulente sai mais consciente de suas escolhas e mais confiante para agir com integridade.
Rituais com cartas para cultivar otimismo realista
Em muitos contextos, quando falamos de otimismo, algumas pessoas confundem com uma visão ingênuamente positiva da vida — aquela ideia de que tudo vai dar certo se pensarmos positivo. Mas a Psicologia Positiva trabalha com o conceito de otimismo realista: a capacidade de enxergar os desafios com lucidez, sem negar o que está difícil, mas mantendo a disposição interna de acreditar que é possível superá-los. Não se trata de ser “gratiluz”, mas de cultivar uma esperança ativa e fundamentada.
Nesse sentido, o Tarot pode ser usado de maneira estratégica. Criar pequenos rituais diários com as cartas permite desenvolver uma postura mais positiva sem cair na negação da realidade. Por exemplo, em vez de perguntar “como vai ser meu dia?”, você pode perguntar: “Que qualidade minha pode me ajudar a lidar melhor com o que vier hoje?”. Esse tipo de pergunta desloca o foco da previsão para a ação consciente.
Uma sugestão prática é tirar uma carta pela manhã com a intenção de encontrar uma virtude a ser exercitada ao longo do dia. Depois, anotar a carta e escrever duas ou três formas de manifestar aquela qualidade em situações reais. Se saiu o Eremita, talvez o dia peça introspecção. Se saiu o Carro, talvez seja o momento de agir com firmeza. Ao final do dia, refletir sobre como essa energia se manifestou ajuda a criar um ciclo positivo de consciência, intenção e ação.
O papel da esperança e da visualização criativa no Tarot
O Tarot é amplamente conhecido por sua dimensão preditiva, e não há nada de errado nisso. Eu mesma, como taróloga, uso essa abordagem quando a situação e o consulente assim pedem. Prever possibilidades, observar tendências e compreender o que está se desenhando no caminho faz parte do ofício. Tenho amigas e colegas que trabalham com maestria nesse viés, oferecendo orientações que ajudam os consulentes a se prepararem melhor para o que está por vir.
Mas o Tarot também é uma ferramenta de criação de futuros. A Psicologia Positiva nos ensina que a esperança é uma força psicológica ativa: ela não depende de sorte, mas de intencionalidade. Nesse contexto, entra o conceito de visualização criativa, que consiste em imaginar com detalhes um futuro desejado como forma de mobilizar ações no presente. O Tarot pode potencializar esse processo ao oferecer imagens simbólicas que ancoram esse futuro com mais clareza.
Uma prática que gosto muito é tirar três cartas para representar um futuro desejado e meditar sobre elas. Perguntas como “Que tipo de pessoa quero me tornar?” ou “O que desejo atrair para minha vida nos próximos meses?” guiam esse tipo de tiragem. As cartas não são promessas, mas mapas de possibilidades. Elas ajudam a manter o foco, alinhar intenções e alimentar a esperança com imagens inspiradoras. Prever e criar, nesse sentido, não são opostos, mas complementares.
Minha carta do dia como prática de autodescoberta
Todos os dias, pela manhã, tiro uma carta. Não para saber o que vai acontecer, mas para saber como posso me posicionar. Às vezes vem a Temperança e eu sei que preciso de moderação. Outras vezes, vem a Lua e eu entendo que o dia pedirá escuta profunda. Essa prática simples me conecta comigo mesma, e me permite aplicar, dia após dia, os princípios da Psicologia Positiva na vida real.

Leituras complementares
- Livro: Florescer, de Martin Seligman (2012)
- Site: VIA Institute on Character
- Do mesmo blog: “7 Formas Como os Arquétipos das Cartas Podem Guiar Seu Crescimento“
FAQ
1. Como a psicologia positiva e o tarot podem se complementar na prática terapêutica?
A psicologia positiva oferece uma base científica sobre forças, virtudes e bem-estar. Quando aliada ao tarot, ela transforma a leitura em um processo de descobertas internas, não apenas previsão. Essa união permite que o consulente enxergue suas potencialidades e caminhos com mais clareza e esperança.
2. Quais são os principais benefícios da psicologia positiva aplicados ao tarot?
Entre os benefícios estão o fortalecimento da autoestima, o cultivo da gratidão, a ressignificação de experiências dolorosas e o desenvolvimento de uma visão mais otimista e realista sobre a vida. O tarot deixa de ser um oráculo e passa a ser um espelho de possibilidades.
3. O tarot pode ser usado como ferramenta científica de autoconhecimento?
Embora o tarot não seja uma ferramenta científica por si só, ele pode ser integrado a abordagens com respaldo científico, como a psicologia positiva. Seu uso simbólico, aliado a teorias validadas, potencializa o autoconhecimento de forma significativa.
4. Quais cartas do tarot mais se conectam com conceitos da psicologia positiva?
Cartas como o Sol, a Estrela, o Mago, a Força e o Carro ressoam diretamente com os conceitos de emoções positivas, engajamento, realização e forças de caráter. Mas todas as cartas, dependendo do contexto, podem revelar potenciais e virtudes.
5. Como usar o modelo PERMA em leituras de tarot pessoais?
Você pode fazer uma tiragem com cinco cartas, cada uma representando um pilar do modelo PERMA. A interpretação pode te ajudar a identificar o que precisa de atenção ou fortalecimento na sua vida para aumentar o bem-estar.
6. É possível trabalhar traumas com psicologia positiva e tarot ao mesmo tempo?
Sim, com sensibilidade e preparo. O tarot pode trazer à tona memórias ou emoções. A psicologia positiva ajuda a dar contorno a essas experiências, oferecendo recursos de resiliência e crescimento pós-traumático. Em casos mais profundos, o ideal é que o trabalho seja feito com acompanhamento terapêutico.
7. Quais cuidados tomar ao unir psicologia positiva e tarot em atendimentos?
Evite promessas ou interpretações deterministas. Lembre-se de que cada consulente tem seu ritmo emocional. A escuta empática, o respeito à história do outro e o foco no empoderamento são essenciais para que essa integração seja realmente terapêutica.
Qual sua maior dúvida sobre psicologia positiva e tarot? Conte nos comentários!